E lá, sobre o fogão, o café quentinho sempre esperando gente
para compartilhar emoção.
Podia ser o vizinho, família, visita ou até mesmo o patrão.
O que importava era a conversa, adoçada com o pretinho feito pela mãe com
carinho e muita dedicação.
Mãe, que era ótima cozinheira, bem verdade de somente alguns
pratos, fazia café passado no coador de manhã, á tarde e, até mesmo, de
noitinha, esperando alguém para formar roda e prosear de montão.
Pai, por sua vez, chegava de mansinho no entardecer lá do
trabalho, chapéu na cabeça e já com cigarro na mão. E, com a desculpa de roubar
fogo da lenha, tomava uma, duas e até três canecas, com muita satisfação. Ele
tinha uma habito de rodar a caneca no ar para esfriar o café, que nos chamava
muito a atenção.
Para não perder o cheiro que invadia a cozinha, pai também
puxava um banquinho e sentava baixinho, bem próximo do chão. Puxava conversa,
alisava nossas cabeças e nos ensinava a fazer oração. Eram momentos
maravilhosos de pura inspiração.
Que belos e inesquecíveis momentos, estimulados pelo café
quentinho, fora os bolinhos feitos com carinho, só pra mim e para meu irmão.
Ouvir história de assombração, lendas da mula-sem-cabeça e
corpo-seco, causava medo de tirar o sono. Mas, tomando café, então, mexia muito
mais com nossa imaginação que, aos poucos ia compondo, moldando nossas almas de
meninos caipiras, lá no nosso rincão.
Que tempo bom!...
Café quentinho, lenha no fogão, amizade sincera, alegria,
simplicidade, histórias e muita emoção, nos momentos que hoje são só
recordação!
O tempo já se foi. Mas, no ar o cheiro atraente e
estimulante do café fresco sobre o fogão, para mim e para o meu querido irmão,
com certeza, é muito mais que simplesmente força da imaginação.
Eu garanto... é saudade, é lembrança. É divina recordação,
de um tempo que não se apaga da mente da gente e, muito menos, de nosso coração.
Mestre, obrigado e um abraço.
Voltei no tempo....Na minha infância e juventude era exatamente assim...até com essa poesia; eu só mudaria..."Para mim e para meus quatro irmãos...."
ResponderExcluirAté hoje minha memória olfativa me faz sentir o cheiro do café que minha mãe passava no coador de pano e o senti lendo sua crônica.Parabéns e obrigada pela emoção.
Rosa Marin Emed- Rosinha
Querida Rosinha!
ExcluirNós é que agradecemos sua palavras. Pois, compartilhar emoções, ainda que virtualmente, é para nós fundamental para que nossas almas continuem a crescer, evoluir em busca da comunhão verdadeira com nossos irmãos de humanidade. Nosso querido amigo Sergio nos confere esta possibilidade, através deste site.
A forma singela que meu falecido pai nos tocava a beira do fogão, com a caneca de café na mão, fez toda a diferença para que aprendêssemos a olhar o mundo com os olhos da contemplação.
Gratidão, cara Rosinha!
José Paulo