Rosinha, seu escrito FUI UM DE SEUS SONHOS é
repleto de emoções, que Você tão bem soube transcrever para o papel.
Ao ler o
trecho “Fiquei sozinha com meu pai, e depois de acariciar seu rosto e lhe falar
por alguns minutos, me distrai por um instante, e antes de olhá-lo novamente, o
silêncio e a intuição me disseram que ele havia partido para sempre; foi a
última vez que o chamei..., e a única que ele não me respondeu..., foi um pai
muito presente e amoroso. Alguns disseram que ele me esperou para se despedir;
não duvido...”, não consegui impedir que meus olhos marejassem e não sentisse um
nó na garganta!
Palidamente senti parte da emoção que tomou conta do seu
coração nesse momento tão fugaz, mas nem por isso menos profundo. É um segundo
que separa dois mundos, dois padrões vibratórios tão próximos e tão distintos. É
tudo uma questão de frequência, mas nem por isso menos importante ou menos
marcante. Esse atimo de tempo confirma a sabedoria do caipira, dizendo que na
vida só existem dois momentos marcantes: o da união e o da separação. O resto do
tempo passamos anestesiados pela correria da vida. E a vida passa tão
rápida...
Lembrei do poeta Elpídio dos Santos com seu poema musical, A Dor Da Saudade.* *
A dor da saudade / Quem é que não tem / Olhando o passado / Quem é
que não sente / Saudade de alguém...
Minha mãe, nas nossas conversas,
sempre repetia que na esquina do tempo mora a saudade. Vai daí que “quem é que
não sente saudade de alguém”.
Emmanuel, através da psicografia de Chico
Xavier, deixou a página Palavras de Esperança, que considero lindíssima. “Se não
admites a sobrevivência depois da morte, interroga aqueles que viram partir os
entes mais caros.
Inquire os que afagaram as mãos geladas de pais afetuosos,
nos últimos instantes do corpo físico; sonda a opinião das viúvas que abraçaram
os esposos, na longa despedida, derramando as agonias do coração, no silêncio
das lágrimas; informa-te com os homens sensíveis que sustentaram nos braços as
companheiras emudecidas, tentando, em vão, renovar-lhes o hálito na hora
extrema; procura a palavra das mães que fecharam os olhos dos próprios filhos,
tombados inertes, nas primaveras da juventude ou nos brincos da
infância...”
Deixo-lhe meus parabéns. Seu escrito descreve de maneira
serena toda a dor da despedida, porta aberta para a saudade. Você conseguiu com
muita propriedade, descrever o mesmo sentimento descrito por Emmanuel, em 02 de
junho de 1961.
Desculpe ter me alongado no comentário.
NdaR:
* Não há foto do Marcelo na Net, por sua opção, razão pela qual encobri seu rosto da tomada de 30 de outubro de 2011, juntamente com o Ton e Sr. Nê, replantando toco de uma Dracena em área pública, a qual hoje está robusta;
** Quem interpreta a canção do saudoso poeta luizense, Elpídio dos Santos, é o Mazzaropi, em seu filme Jeca Tatu, rodado no ano de 1959 na Fazenda Coruputuba de Pindamonhangaba, a qual, infelizmente, nesta semana teve sua falência decretada. Por coincidência assisti este filme na semana que passou;
Sou testemunha da emoção vivida pelo Marcelo quando se preparava para este comentário, pois me telefonou por volta das 22,00hs., quando eu estava em Taubaté, e percebi claramente sua voz embargada;
Feliz dia dos Pais para aqueles que têm a felicidade de ainda tê-los presentes.
Cada momento na vida é único. Cada emoção nos toca o coração de forma única. Cada minuto que passa é um milagre que não se repetirá. A impermanência está presente em todos os momentos da nossa jornada. Essa impermanência sempre nos coloca diante da grande transformação, convidando-nos para a elevação.
ResponderExcluirRabindranath Tagore nos diz que "A morte não é o apagamento da luz; é o ato de dispensar a lâmpada porque o dia já raiou."
O texto que segue também é do ilustre pensador e poeta indiano.
"43.
Houve um tempo em que não me conservei preparado para te receber; mas entrando no meu coração espontaneamente como qualquer um da multidão vulgar, desconhecido de mim, tu imprimiste, ó meu Rei, o sinete da eternidade sobre muitos momentos efêmeros da minha vida.
E hoje quando por acaso deparo com eles e vejo a tua marca, descubro que estiveram espalhados na poeira, misturado com a lembrança das alegrias e tristezas dos meus dias comuns esquecidos.
Tu não te voltaste com desprezo para os meus folguedos infantis cobertos de poeira, pois os passos que escutei no meu quarto de brinquedos são os mesmos que estão ecoando de estrela em estrela. Gitanjali - Oferenda Lírica - Rabindranat Tagore".
Oi Marcelo, a emoção que você relatou, foi a mesma que eu senti ao ler o texto da Rosinha.
ResponderExcluirBjs.
Cris (filha do Sérgio)
Caros Marcelo e Cris, vocês também me comoveram...No ultimo final de semana estive na casa que meus pais construíram e moraram por mais de cinquenta anos e que eu considerava meu porto seguro.Hoje é um apêndice do hospital que fica em frente. Acreditei que depois de tanto tempo estava pronta pra revê-la. Ledo engano...Quando entrei na cozinha senti o aroma forte do café , não daquele que estava sobre a mesa; mas do café que minha mãe fazia e meu pai plantava.... minha memória olfativa me traiu,e como na canção..."saudade de alguém que se foi pra não mais voltar..."Chorei muito.
ResponderExcluirMeus pais, lamentavelmente não conheceram meus netos, mas contrariando um pouco a canção do poeta Eupidio dos Santos, um pouco deles voltou sim; na doçura, nos olhos curiosos,na agilidade, no sorriso fácil dos meus netos; João, Maria Luisa e Ana Julia.
Um grande e afetuoso abraço
Rosa Marin Emed_ Rosinha