Minha Mãe
Da pátria formosa distante e saudoso,
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
Do mais verdadeiro, do mais santo amor:
— Minha Mãe! —
Nas horas caladas das noites d’estio
Sentado sozinho co’a face na mão,
Eu choro e soluço por quem me chamava
— “Oh filho querido do meu coração!” —
— Minha Mãe! —
No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
— Minha Mãe! —
De noite, alta noite, quando eu já dormia
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus,
Quem é que meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
— Minha Mãe! —
Feliz o bom filho que pode contente
Na casa paterna de noite e de dia
Sentir as carícias do anjo de amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia!
— Minha Mãe!—
Por isso eu agora na terra do exílio,
Sentando sozinho co’a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava:
— “Oh filho querido do meu coração!” —
— Minha Mãe! —
Casimiro de Abreu
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Rosinha deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Mãe não é só uma":
Na poesia "Minha mãe"; Casimiro de Abreu fala da saudade de suas duas mães;a que lhe deu vida e a Mãe Pátria....mãe não é só uma.
Senti tua falta Raul Ribas...
Raul/Rosinha, nos bons tempos em que eu estudava no Colégio Dom Bosco de Tupã, onde eu era um dos piores alunos da classe, lembro-me que o Padre Diretor, o grande Mestre, Heitor Castoldi, dividia as fileiras de carteiras em três, denominando-as de Céu, Purgatório e Inferno, dispunha os alunos por ordem de classificação de aproveitamento e eu, sempre, na lanterninha, lá no fundão do inferno, e como castigo tinha que decorar poesias. Minha Mãe, de Casimiro, sabia de cor e salteado.
Tempo bom, não volta mais, saudade...
Abraços a vocês.
Céu, Purgatório, Inferno... Só? Ufa, ainda bem! Pois aqui no nosso vizinho município de Potim, contava minha saudosa mãe que lá pelos anos trinta, uma catequista conhecida por “Nhana Braz”, mulher simples e muito piedosa, espalhava terror na criançada quando, no catecismo dominical, ensinava que após a morte as almas tinham os seguintes possíveis destinos: Céu, Purgatório, Inferno, Squinto” e “Beleleu”! Claro que para a criançada de então o Inferno até não lhes parecia de todo tão ruim assim, medo mesmo ficava por conta do Beleleu, Cruz Credo...
ResponderExcluirRAUL RIBAS