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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

domingo, 2 de junho de 2013

A Alma é um ser consciente e tem um único dever.


Quando a Criatura fora colocada no centro da Criação ela foi criada a imagem e semelhança do Criador e, portanto, concebida como um ser perfeito, tal qual seu próprio idealizador.
Quando lhe foi insuflado em suas narinas a Essência da Vida, Ela tornou-se um ser vivente. Mas, quando lhe fora informado que poderia de tudo se alimentar e que deveria auxiliar na nomeação das coisas, tornou-se consciente de seu dever perante a Criação e superior a tudo que fora criado anteriormente a si.

Mas, ainda, quando se tornou sabedora de que havia uma única árvore da qual não poderia se alimentar transformou-se em um ser com poder de escolha, do livre-arbítrio.
E, assim, naquele momento, tornou-se também senhor do seu destino que, a princípio, era glorioso.

Portanto, como Criatura majestosa, sem igual e consciente, ao tomar para si o alimento proibido, contrariou a única lei que garantia a harmonia da Criação, sobre a qual deveria, simplesmente, reinar de forma justa e consciente.
Logo, após este doloroso ato, toda a descendência da Criatura Primordial trouxe para si, junto com a Centelha Divina, também a consciência de seu dever e, portanto, senhorio de seu próprio destino, jamais podendo – a partir de então – alegar inconsciência da lei.
É, por essa razão, que compreendemos que antes de exalar seu último suspiro, do alto do seu supremo sacrifício, Ele disse: “Perdoai-os Pai, eles não sabem o que fazem!”. Assim dizendo, Ele não nega que nos sabíamos que fazíamos, embora não exatamente “o que”, a exemplo da Primeira Criatura que, embora não soubesse das consequências da Lei Única, fora informado de sua existência e que não deveria jamais infringi-la.

Lembremos, pois, que embora o Bom Pastor cuide de suas ovelhas, zelosa e permanentemente, são elas mesmas que, ainda que sabedoras da existência das feras, insistem em se afastar do rebanho. E, portanto, por si mesmas, se expõem aos riscos de suas escolhas.
Diz a Tradição que, diante do tribunal supremo do julgamento final, à Alma não é dado o direito de alegar inconsciência da Lei, já que esta foi criada juntamente com ela e unicamente para a preservação de sua natureza primordial.
É obvio que - como dizem as alegorias - as ovelhas que aprendem a conviver com as feras em feras se transformam. Tal qual também está escrito que há aqueles que agem como bois e – como afirmou Paulo – “dos bois Deus não se ocupa”.
É, sob esta ótica, que penso que devemos compreender também que o processo ao qual chamamos de “encarnação” é o meio ou a forma pela qual as Almas têm a possibilidade de reparar seus erros e se conscientizarem, cada vez mais, de seus direitos e deveres e, também, a partir dai concordarem em se submeter novamente às Leis Originais que lhes garante a Eternidade, no objetivo de exercer seu livre arbítrio e, consequentemente, traçar para si mesma um novo destino.
Interessante se faz lembrar que, como mostra as antigas tradições, todas as vezes que a Divindade estabeleceu para com o Homem uma nova aliança, a ele – também - apresentou um novo dever ou até mesmo novo código moral, no objetivo de auxiliá-lo a garantir o exercício correto de seu próprio livre arbítrio. E, ainda, com a efetivação da ultima e Eterna Aliança afiançada pelo Redentor, o único dever, a única missão, além da busca de sua própria perfeição, passou ser a Prece, ou seja, a ação do Amor Universal que, partindo do cento do homem, do seu coração, deve se irradiar por toda a Criação e, consequentemente, para todos os homens nossos irmãos de Humanidade.
- José Paulo Ferrari -

(Uma reflexão durante as comemorações de Corpus Christi, de 2013).

Mestre Ferrari, mais uma vez, os nossos melhores agradecimentos. Um grande abraço a você.

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