Quando a
Criatura fora colocada no centro da Criação ela foi criada a imagem e
semelhança do Criador e, portanto, concebida como um ser perfeito, tal qual seu
próprio idealizador.
Quando lhe
foi insuflado em suas narinas a Essência da Vida, Ela tornou-se um ser vivente.
Mas, quando lhe fora informado que poderia de tudo se alimentar e que deveria
auxiliar na nomeação das coisas, tornou-se consciente de seu dever perante a
Criação e superior a tudo que fora criado anteriormente a si.
Mas, ainda, quando se tornou sabedora
de que havia uma única árvore da qual não poderia se alimentar transformou-se
em um ser com poder de escolha, do livre-arbítrio.
E, assim, naquele momento, tornou-se também senhor do seu destino que, a princípio, era glorioso.
E, assim, naquele momento, tornou-se também senhor do seu destino que, a princípio, era glorioso.
Portanto,
como Criatura majestosa, sem igual e consciente, ao tomar para si o alimento
proibido, contrariou a única lei que garantia a harmonia da Criação, sobre a
qual deveria, simplesmente, reinar de forma justa e consciente.
Logo, após
este doloroso ato, toda a descendência da Criatura Primordial trouxe para si,
junto com a Centelha Divina, também a consciência de seu dever e, portanto,
senhorio de seu próprio destino, jamais podendo – a partir de então – alegar
inconsciência da lei.
É, por essa
razão, que compreendemos que antes de exalar seu último suspiro, do alto do seu
supremo sacrifício, Ele disse: “Perdoai-os Pai, eles não sabem o que fazem!”.
Assim dizendo, Ele não nega que nos sabíamos que fazíamos, embora não exatamente
“o que”, a exemplo da Primeira Criatura que, embora não soubesse das
consequências da Lei Única, fora informado de sua existência e que não deveria
jamais infringi-la.
Lembremos,
pois, que embora o Bom Pastor cuide de suas ovelhas, zelosa e permanentemente,
são elas mesmas que, ainda que sabedoras da existência das feras, insistem em
se afastar do rebanho. E, portanto, por si mesmas, se expõem aos riscos de suas
escolhas.
Diz a
Tradição que, diante do tribunal supremo do julgamento final, à Alma não é dado
o direito de alegar inconsciência da Lei, já que esta foi criada juntamente com
ela e unicamente para a preservação de sua natureza primordial.
É obvio que
- como dizem as alegorias - as ovelhas que aprendem a conviver com as feras em
feras se transformam. Tal qual também está escrito que há aqueles que agem como
bois e – como afirmou Paulo – “dos bois Deus não se ocupa”.
É, sob esta
ótica, que penso que devemos compreender também que o processo ao qual chamamos
de “encarnação” é o meio ou a forma pela qual as Almas têm a possibilidade de
reparar seus erros e se conscientizarem, cada vez mais, de seus direitos e
deveres e, também, a partir dai concordarem em se submeter novamente às Leis Originais
que lhes garante a Eternidade, no objetivo de exercer seu livre arbítrio e,
consequentemente, traçar para si mesma um novo destino.
Interessante
se faz lembrar que, como mostra as antigas tradições, todas as vezes que a
Divindade estabeleceu para com o Homem uma nova aliança, a ele – também -
apresentou um novo dever ou até mesmo novo código moral, no objetivo de
auxiliá-lo a garantir o exercício correto de seu próprio livre arbítrio. E,
ainda, com a efetivação da ultima e Eterna Aliança afiançada pelo Redentor, o
único dever, a única missão, além da busca de sua própria perfeição, passou ser
a Prece, ou seja, a ação do Amor Universal que, partindo do cento do homem, do
seu coração, deve se irradiar por toda a Criação e, consequentemente, para todos
os homens nossos irmãos de Humanidade.
- José Paulo Ferrari -
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