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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

AUSÊNCIA DE ANITA


Dona Maricota, como faz em todos os finais de semana posicionou seu possante automóvel na pista da  Rodovia Castello Branco, sentido interior.
Como em todos  os finais de tarde de sexta-feira o trânsito estava infernal.  O rádio sintonizado na estação que informa sobre o trânsito – só trazendo notícias ruins – mas a resolvida Sra. Maricota enfrentava bravamente as fechadas, buzinadas e xingamentos dos demais “pilotos” brasileiros, campeões de divididas no trânsito.
Ao seu lado, Dona Mariquinha, com seus 84 anos bem vividos e seus 95 quilos bem pesados. 
No banco de trás, a estoica Anita, secretária e acompanhante inseparável de Dona Mariquinha ia admirando a paisagem, sem tirar os ouvidos da conversa e emitindo pareceres não solicitados e repletos de termos estranhos permeados pelo sotaque soteropolitano.
Assuntos corriqueiros, ocorridos no decorrer da semana no âmbito da família e as notícias em geral. O preço do tomate, as falcatruas do planalto central, o peito de aço do Dr. Barbosa, o SUS, ah o SUS!
Entre um comentário e outro sobre as notícias do trânsito que longe de sinalizar melhoras, apenas piorava! 
Passam pelo Alphaville, Ufa! E seguem a procissão rumo ao destino final, para diante de Sorocaba.
E assim, conversando distraidamente, chegam ao quilometro 53, parada obrigatória para um café com pão de queijo e a compra de um pacote de “papo seco”, um pãozinho redondo feito pela padaria do português – e quem mais seria? – ali do Rancho 53.
Cafezinho vai, queijinho vem, mulher não pode ver uma plaquinha de “Casa de Banhos” que já quer lá, dar uma passadinha para um rápido esvaziamento da bexiga.
De volta ao carro, mãe e filha continuam no papo solto e rumam céleres Castello Branco em frente! Ouvindo o rádio, conversando e, de repente começam a ouvir uma insistente buzina e um carro em desabalada velocidade as seguindo, piscando farol, pisca-alerta e tudo que é lâmpada.
Dona Mariquinha já esboça uma imprecação quando olham para a esquerda, onde estava o carro do “buzinaço” e uma mulher toda descabelada gritando e gesticulando desesperada, com parte do tronco para fora da janela!
Dona Maricota fala assustada para Dona Mariquinha:
- Mas o que é que a Anita está fazendo naquele carro?
Rapidamente encostam o carro no acostamento, já na saída para Sorocaba, que por segundos não fazem os carros seguirem por caminhos distintos. O outro carro encosta ao lado e dele desce a desesperada Anita, toda trêmula e gaguejante:
- Ô ô ô chê! Si isqueceram-se di mim!!!! Quase qui morri di sustcho!
O solícito motorista do outro carro calmamente explicou que quando elas saíram, não perceberam que Anita havia ficado para trás e elas foram embora sem a dedicada secretária...
Havia notado o desespero da mulher e se prontificou em ajuda-la de imediato, colocando-a no carro e saindo em desabalada atrás do carro das patroas.
Problema resolvido, agradecimentos infinitos e a viagem é retomada rumo a Sorocaba, mas o caso não ficou assim tão assustador, pois foram, durante todo o resto do percurso em gargalhadas. Anita ria e chorava. Por dentro devia estar rogando as maiores imprecações, mas por fora tinha a cara de consolada.
Desde então, em todas as viagens, só faltam amarrar a pobre da Anita para que não se perca, por mais distraída que esteja. Distração também válida para as patroas... que não haviam notado a “Ausência de Anita”!!!
Caro ZSylvio, muito obrigado, ri muito quando li "
- Mas o que é que a Anita está fazendo naquele carro?" 
Um grande abraço e te esperamos na quinta.

5 comentários:

  1. Sergio, é um fato! Tudo verdadeiro, menos os nomes das patroas, para que eu não seja trucidado pelas próprias...
    A cena foi chocante e hilariante mesmo! Uma olha para a outra e... "Mãe, o que é que a Anita está fazendo lá naquele carro"????
    Muito engraçado e chocante!!!

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  2. Assim como finalmente, estou viajando com seu "Dinossauros são eternos" também viajei com Dona Maricota e Dona Mariquinha; ouvi as buzinadas, os xingamentos, senti o gosto do café e do pão de queijo....E ri muito como certamente todos que viajaram com sua genial crônica.
    Devo confessar que me identifiquei com as esquecidas; quando meus filhos eram pequenos, tive 3 em 4 anos, na minha lida de levá-los pro colégio, natação, inglês, judô....tinha sempre dois seguros pelas mãos e um "perdido" e às vezes esquecido...por sorte sempre um dos outros dois me lembrava do ausente. As não "presenças de Anita" estão por toda parte e as Donas Mariquinhas e Maricotas também...
    Pelo visto um segundo livro está "pintando" por aí.....Um grande abraço.
    Rosinha.

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  3. Muito me alegro pela sua viagem com os Dinos. Talvez alí você relembre alguns dos locais que vocês visitaram recentemente, relembrem locais e pessoas da infância, curtam algumas passagens interessantes pelas quais me embrenhei. De minha parte, já tive esquecimentos homéricos e, porque não, hilários. Quem sabe ainda um dia eu os romanceie e relate. Um grande abraço desde o tugúrio do Eco e Antigos, tanto meu quanto do Sergio. Estamos passando horas maravilhosas de recordações de nossas vidas e amizade. Tudo de bom!

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  4. ahahahaha...sensacional!!!!

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  5. Pois eh... essas coisas acontecem mesmo!!! E dao boas cronicas!

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