Olá colegas e companheiros.
Convido especialmente para a leitura do texto aqueles que insistem em afirmar que catástrofes como essas são "forças da natureza", e que, portanto, são imprevisíveis e incontornáveis.
Tendo em vista a pequeneza dos prejuízos ocorridos na região de Visconde de Mauá frente à catástrofe da região serrana (interrupção por desabamento de encosta da via de principal acesso por 16 dias consecutivos), vale a pena lembrar que esta região está cerca de vinte anos atrás no processo de "turistificação" frente à região calamitada, mas se começarmos a acreditar que nossos infortúnios são fruto de "casualidades naturais" e não irresponsabilidade e/ou incompetência dos órgãos públicos e políticas ambientais mal implementadas e sem fiscalização, teremos então, um provável futuro dantesco também nesse precioso lugar.
Cordialmente, mas atento! Daniel de Brito
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É necessário, diante de mais esse ocorrido dramático, uma vez por todas e de forma imediata, cabal e efetiva, que o Poder público venha assumir a tarefa político-administrativa de estabelecer e impor a importante e fundamental ordenação da ocupação do solo e de prover instrumentos eficazes para zelar pelo cumprimento dos regulamentos e das leis ambientais existentes. Infelizmente, o que temos assistido é a rendição da governança, a colocar-se como réfem dos interesses imediatistas e muitas vezes espúrios da baixa política, do Agronegócio, das “ Monsantos “ transnacionais (feiticeiras dos agrotóxicos e dos transgênicos), da especulação imobiliária, etc.
O processo de ocupação desordenada e irregular das áreas de risco, geotécnicamente inadequadas, seja pela favelização, pelo lado das carências, seja pela “condominização“, pelo lado das ganâncias, e que está na origem maior dos desastres que vêm se agravando e se multiplicando nos últmos tempos, é uma constante e nefasta característica presente nas diferentes regiões brasileiras, consequência de desmandos políticos, omissões administrativas, desrespeito às leis do País e, principalmente, ausência de fiscalização ágil e efetiva.
Esse mesmo processo, neste momento, por exemplo, vem se reproduzindo, aceleradamente, em diversas e importantes áreas rurais e montanhosas do Sudeste, como é o caso da Mantiqueira, que tem visto suas áreas serranas serem transformadas em focos de “ turistificação “ intensiva e desregulada ( a “campos-de-jordanização “do hinterland brasileiro..) , como acontece com Santo Antonio do Pinhal ( SP ) , Monte Verde ( MG ), Visconde de Mauá ( RJ ), entre outras.
Alí, como na maioria dos municípios da Região, que são parte da Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira ( similar àquela existente entre Petrópolis e Teresópolis...), a abertura indiscriminada de acessos e asfaltamentos agressivos ao Meio Ambiente, a ocupação ilegal das ( APPs) Áreas de Preservação Permanente ( exatamente como em Nova Friburgo ...) , em margens de cursos d’água, encostas íngremes, etc., através da expansão irregular dos loteamentos turísticos, é uma realidade óbvia e preocupante, a anunciar a repetição desses anunciados desastres.
Como fator agravante, constata-se o completo despreparo, a desinformação ou a indiferença das administrações municipais dessas zonas rurais, alheias a qualquer forma de planejamento urbanístico ou ambiental.
Além disso, perpetuando um estado crônico de desinformação, a grande mídia continua escamoteando informações vitais com respeito à reconhecida gravidade e iminência da Crise Climática , já em andamento. Sempre servil ao Sistema, ao Poder e, sobretudo, ao bom andamento dos “ negócios”, a Imprensa prefere noticiar e alardear o delírio dos megaprojetos ufanistas, como este do famigerado “trem-bala” ou Copas do Mundo e Olimpíadas ( a velha fórmula política do “Pão & Circo “ ), a abordar temas estratégicos para a nossa sobrevivência, ciosa que é de que “ Business must go on...”como de costume.
É chegado o momento da população, agora alertada e mais atenta pelo trauma sofrido, cobrar, enérgicamente, o melhor uso do dinheiro público. Os muitos bilhões de dólares a serem destinados a tais projetos desnecessários e cosméticos, se bem empregados, poderão representar não só um resgate da sua qualidade de vida, como a diferença entre a Vida e a Morte.
Núcleo de Estudos Sócio-Ambientais / Fundação Mantiqueira
Por e-mail, do Gabriel Bertran, a quem agradecemos.
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