Cliquem aqui, http://radiovitrolaonline.com.br/, acionem a Rádio Vitrola, minimizem e naveguem suavemente sem comerciais.

.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

João Menon homenageia São Paulo pelos 459 anos



Prezado João Menon:
Linda sua história. Parecida com a minha.Se me permite a repercutirei em meu blog como homenagem à Capital.
Ei-lo===> http://ecoeantigos.blogspot.com.br/
Abraços.
Sérgio.



Fico muito feliz saber que pelo menos um gostou e muito orgulhoso se esse alguém pede para publicar o que escrevi. Muito me honra Sergio, claro que pode. Você leu ontem ou hoje? 
Um forte abraço e muito obrigado. 
João Menon





João Menon, eu li aqui, clique ===>

SÃO PAULO, 459 ANOS

São Paulo está fazendo 459 anos e eu resido nela há 49 anos, mais um décimo de sua idade. Ainda me lembro do dia que cheguei, um dia após o assassinato do John Kennedy. Desci na estação Júlio Prestes, da Estrada de Ferro Sorocabana, com uma mala de papelão, dentro dela duas calças, três camisas, quatro cuecas e alguns lenços. No bolso, R$ 5,00 (no dinheiro de então) e daria para pagar só a ida até o Bairro Santa Terezinha, próximo ao Quartel do CPOR. Dirigia-me à casa de uma tia que morava numa travessa da Marechal Hermes. Haviam orientado sobre como tomar o ônibus para Lausane Paulista, do outro lado da estação, em frente à antiga rodoviária. Enquanto eu atravessava a avenida, em frente à Estação Júlio Prestes, caipira, desajeitado, não percebendo o trânsito direito, quase fui atropelado por um táxi. Dei um pulo para a frente, a mão com a mala ficou para trás e o carro a pegou de cheio, jogando-a a uns cinco metros à frente. De papelão que era, partiu-se toda e as poucas peças de roupa ficaram espalhadas pelo asfalto, como se fossem prova viva do acidente. O motorista parou e correu em minha direção perguntando se estava tudo bem, se eu não tinha nenhum ferimento. Pessoas totalmente desconhecidas que passavam pelo local juntaram minhas roupas e me entregaram junto com os pedaços da mala. Quanta gentileza. Quanta solidariedade. Já morando aqui, eu percebia a preocupação das pessoas quando havia algum acidente com feridos: todos eram solícitos e procuravam auxiliar da melhor forma possível. As vítimas fatais eram cobertas com jornais e quem passasse levantava o jornal para ver de quem se tratava, poderia ser um amigo, um parente. Quanta gentileza. Quanta solidariedade. Tornei-me sócio do Clube Floresta, às margens do Rio Tietê, e aos domingos eu ia lá dar umas braçadas, como eu fazia no Rio Pardo. São Paulo faz 459 anos e eu resido nela há 49 anos, mais que um décimo de sua idade. Que transformação. Hoje, se alguém é atropelado, ninguém irá recolher os seus pertences. Dificilmente o taxista irá parar para saber se está tudo bem, mesmo porque, se parar, corre o risco de ser linchado. Que falta de gentileza. Que falta de solidariedade. A cidade mudou. A droga invadiu e dominou os fracos. A violência tomou conta da cidade. O trânsito inferniza a vida de todos. A garoa abandonou São Paulo e deixou um calor insuportável em seu lugar. Apesar disso tudo, diariamente descem centenas de imigrantes na Rodoviária do Tietê. Todos trazem o sonho de vencer na vida, e vencem, pois para ter mais do que o agreste oferece é muito fácil. Minha São Paulo desvairada, sem gentileza, sem solidariedade, sem sossego. Minha São Paulo louca, que me deu minha casa, a educação de meus filhos e me permitiu uma velhice digna. Parabéns, São Paulo!

João Menon 

joaomenon42@gmail.comSão Paulo
Muito obrigado João Menon e um grande abraço.

Um comentário: