Fagundo S d'Oliveira deixou um novo comentário sobre a sua postagem "DESAPARECIMENTOS":
Realmente é assustador.
Nós que temos descendentes de menor idade no
tronco familiar podemos tranquilamente sentir arrepios na coluna
vertebral!
Dando um desconto por conta do acaso ou de situações fortuitas,
fica a pergunta indigesta: "A quem interessa todos esses
desaparecimentos?".
Essa pergunta ajuda a produzir um mal estar bem mais
acentuado.
Será que chegaremos ao ponto de usarmos pulseira com identificador
de GPS? O poeta Gióia Junior escreveu um poema dizendo que um pai só descansa
quando escuta o barulho da chave girando na fechadura, a maçaneta acionada,
abrindo a porta para o filho entrar!
Esse questionamento sempre me intrigou e
continuará intrigando.
Fagundo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "DESAPARECIMENTOS":
Para os que desejarem conhecer o lindo poema do Jornalista Gióia Junior, transcrevo-o a seguir:
Oração da maçaneta
Não há mais bela música
que o ruído da maçaneta da porta
quando meu filho volta para casa.
Volta da rua, da vasta noite,
da madrugada de estranhas vozes,
e o ruído da maçaneta
e o gemer do trinco,
o bater da porta que novamente se fecha,
o tilintar inconfundível do molho de chaves
são um doce acalanto,
uma suave cantiga de ninar.
Só assim fecho os olhos,
posso afinal dormir e descansar.
Oh! a longa espera,
a negra ausência,
as histórias de acidentes e assaltos
que só a noite como ninguém sabe contar!
Oh! os presságios e os pesadelos,
o eco dos passos nas calçadas,
a voz dos bêbados na rua
e o longo apito do guarda
medindo a madrugada,
e os cães uivando na distância
e o grito lancinante da ambulância!
E o coração descompassado a pressentir
e a martelar
na arritmia do relógio do meu quarto
esquadrinhando a noite e seus mistérios
Nisso, na sala que se cala, estala
a gargalhada jovem
da maçaneta que canta
a festiva cantiga do retorno.
E sua voz engole a noite imensa
com todos os ruídos secundários.
-Oh! os címbalos do trinco
e os clarins da porta que se escancara
e os guizos das muitas chaves que se abraçam
e o festival dos passos que ganham a escada!
Nem as vozes da orquestra
e o tilintar de copos
e a mansa canção da chuva no telhado
podem sequer se comparar
ao som da maçaneta que sorri
quando meu filho volta.
Que ele retorne sempre são e salvo,
marinheiro depois da tempestade
a sorrir e a cantar.
E que na porta a maçaneta cante
a festiva canção do seu retorno
que soa para mim
como suave cantiga de ninar.
Só assim, só assim meu coração se aquieta,
posso afinal dormir e descansar.
Gióia Júnior
Site: http://pensador.uol.com.br/frase/NDgzNTg1/
Reitero o obrigado e o abraço nobre Dr. Fagundo.
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