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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

EFCJ - Estrada de Ferro Campos do Jordão - Parece que nossas preces estão sendo atendidas (reprise)

Repetimos o que postamos em 23 de dezembro de 2010

Filmete produzido ontem à tarde;
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Um comentário:

  1. Maurício Cavalheiro
    24 min
    UM CASO DE AMOR NA “PARADA VOVÓ LAURINDA”
    (Homenagem ao centenário da Estrada de Ferro Campos do Jordão)
    - Cordel Nº 04 -
    Peço licença à senhora,
    peço licença ao senhor,
    para buscar, no passado,
    a história de um grande amor,
    que narrarei, sem delongas,
    sem tirar pontos, nem pôr.
    No bairro do Piracuama
    havia um homem solteiro
    que, para ganhar a vida,
    trabalhava, prazenteiro,
    debaixo de chuva ou sol
    no ofício de jardineiro.
    Para atender aos clientes,
    o transporte que ele tinha,
    era o bonde que passava
    pelos trilhos da Estradinha.
    Por isso, saía cedo
    e só voltava à noitinha.
    No trajeto, quando lia:
    “Parada Vovó Laurinda”,
    o seu coração cativo
    dizia: “seja bem-vinda”
    para a moça que, à janela,
    sorria, sempre tão linda.
    Porém, para ele, era pouco
    vê-la apenas na janela;
    por isso, fez um poema
    declarando o amor a ela.
    Contudo, para entregá-lo,
    era preciso cautela.
    O pai da moça era atento
    igualzinho a um cão de guarda:
    não permitia a ninguém
    se aproximar da mansarda,
    e, quando era necessário,
    usava a velha espingarda.
    Quando o bondinho passou
    perto da insigne morada,
    saltou, correu e entregou
    o poema à sua amada;
    depois fugiu, velozmente,
    da espingarda engatilhada.
    O pai da moça, furioso,
    ao descobrir o namoro,
    jurou punir o rapaz
    por aquele desaforo,
    pois na casa de donzela
    ninguém infringe o decoro.
    A cabecinha do pai
    viveu noites de alvoroço
    por pensar em como agir
    contra o “carne de pescoço”.
    Antes, perguntou à filha
    se ela gostava do moço.
    A moça, ruborizada,
    passando a fitar o chão,
    depois de um breve silêncio,
    disse, sem hesitação,
    que o jardineiro habitava
    há muito o seu coração.
    Ao saber que a filha amava
    o jardineiro tenaz,
    foi colher, nas redondezas,
    detalhes sobre o rapaz,
    e soube, que aquele moço,
    era do bem e da paz.
    Noutro dia, o jardineiro,
    cansado de se esgueirar,
    pulou do bonde, outra vez,
    decidido a conversar
    e implorar ao pai da moça
    que a deixasse namorar.
    Ouviu o som do gatilho
    e continuou firme e forte,
    pois se não pudesse tê-la
    como futura consorte,
    seria muito melhor
    dormir nos braços da morte.
    Sob a mira da espingarda
    o moço foi avisado:
    se entrasse naquela casa
    sairia apenas casado;
    se não, que nunca voltasse
    para não ser alvejado.
    O jardineiro surpreso,
    cheio de felicidade,
    entrou na casa e encontrou
    a sua cara metade
    sobre cadeira de rodas
    padecendo de ansiedade.
    Enquanto, nas mãos da moça,
    pousava um beijo sutil,
    o pai, represando o pranto,
    e com voz menos hostil,
    disse que a filha tivera
    paralisia infantil.
    Também disse que, no parto,
    a esposa passou tão mal
    por causa da hemorragia
    que, contundente, fatal,
    não deixou que o hábil médico
    impedisse o funeral.
    O jardineiro o abraçou
    com profundo sentimento
    e jurou fazer de tudo
    pra evitar mais sofrimento
    começando por marcar
    a data do casamento.
    Casaram, meses depois,
    em cerimônia modesta.
    Até hoje há quem comente
    sobre o violeiro da festa:
    era o genitor da moça
    que madrugou na seresta.
    Dias depois, num jantar,
    dizendo que estava farto,
    o pai osculou a filha
    e caminhou para o quarto;
    deu dois passos e caiu
    com um fulminante infarto.
    Foi difícil aceitar
    ser órfã mais uma vez.
    Porém, depois de dois anos,
    a alegria se refez:
    o casal ouviu o obstetra
    confirmar a gravidez.
    No oitavo mês, entretanto,
    a bolsa amniótica estourou.
    O jardineiro, sem carro,
    só não se desesperou,
    porque ao centro da cidade,
    o bondinho os transportou.
    Do centro até a Santa Casa
    o táxi foi com urgência
    Chegando lá, o doutor,
    gritou: “Depressa! Emergência!”
    correndo à sala de parto
    para tomar providência.
    O parto foi complicado,
    mas a moça não morreu.
    Depois de horas de aflição
    o fruto do amor nasceu:
    era um menino, um menino,
    um menino que... sou eu.
    Maurício Cavalheiro – 2014
    Contato:
    mc.pindamonhangaba@gmail.com
    (12) 99735 0611

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