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quinta-feira, 5 de julho de 2012

04 de JULHO DE 2012 - OBRIGADO TIMÃO


A propósito do título da Libertadores recebi a crônica a baixo do meu amigo Edgard de O. Barros. Acho uma boa ideia repassá-la para o Ricardo...
José Raul Machado Ribas



Carissimo, já lhe mandei um texto que, se servisse, poderia ser publicado na dominguiera. Agora, tendo em vista a evolução dos acontecimentos alvi-negros, mando esta outra crônica. Leia. Se gostar e se houver interesse, coloque no lugar a outra. A outra fica pra próxima semana. Isso tudo, repito, se houver interesse. Deu nóis na fita, mano. Parabéns, um abraço, Edgard


Deu nóis na fita, mano

Por Edgard de Oliveira Barros (*)

Medo? Não, medo mesmo eu senti há uns 35 anos, numa noite de 1977 e a gente tinha que atravessar a Ponte. Pau de dar em doido, como se diz no Brasil lá de cima. Aquela agonia toda de resgatar a honra, 23 anos na fila sem ganhar o campeonato paulista, aquilo sim, judiava de todo e qualquer mortal ou imortal corinthiano.
Porque a Ponte Preta daquele tempo era bem melhor que esse Boca de hoje. E o nosso time, falando sinceramente, era bem pior que o de hoje. Ou, talvez, nem sei ou sei lá. Em se tratando de emoções corinthianas tudo é agonia pura e sofrimento gostoso. Seja como for, como foi ou como era, a corda estava no pescoço de todos os manos. Como sempre. Até que o Basílio fez aquele gol e se transformou no “pé de anjo”. Lembro que o meu amigo José Silvério, brilhante locutor esportivo (eu diria o melhor do Brasil, desde aquele tempo), gritava pelas ondas da rádio Jovem Pan, o feito do Basílio.
E foi um gol tão doído, tão sofrido, tão angustiante, que até o Silvério foi além da conta e gritou e contou e narrou também além da conta, com a alma, com o coração, com a emoção o que todo corinthiano sentia naquela hora. A narração do Silvério foi tão linda quanto o gol do Basílio. Lembro que até escrevi uma nota, um comentário no Diário Popular, jornal centenário lá da Capital, dizendo mais ou menos assim: “O José Silvério narrou o gol do Basílio com tanta emoção que eu garanto: se o Basílio não fizesse aquele gol, o José Silvério faria...”
“...até a lua foi te ver, Corinthians...”
Foi realmente lindo, a Ponte desabou a vitória chegou, o campeonato era nosso, com a extrema emoção de sair “da fila” de 23 anos. E saímos todos, os corinthianos, com a alma lavada. Lembro que na época eu era o Editor-Chefe do jornal Diário Popular, repito, um jornal centenário que em má hora teve o seu nome alterado para “Diário de São Paulo” e circula até hoje. Emoção por emoção, lembro da manchete que criei para aquela edição: “Até a lua foi te ver, Corinthians”. Isso por obra e graça do fotógrafo José Ribeiro que teve a felicidade de fazer uma foto que mostrava uma parte do gol, o perfil do Carlos, goleiro pontepretano, parte das arquibancadas do Morumbi, completamente lotadas, e uma lua enorme, linda, grandiosa e luminosa ao fundo, “presenciando”  e iluminando a partida. Sim, até a lua tinha ido ver o Corinthians.
No começo da noite da quarta-feira passada, mais uma quarta inesquecível, recebi um e.mail de meu filho que mora em São Paulo, anunciando: “A lua já chegou no Pacaembu...” Tanto quanto o meu filho eu já tinha vivido aquele momento e sabia que a lua viria sim para ver a vitória. Faltava então só o gol e o amigo Zé Silvério e seu vozeirão marcante, hoje narrando pela rádio Bandeirantes, para que tudo se repetisse. Foi pura questão de tempo.
 “...o Emerson não fizesse aqueles dois gols...”
Às tantas o Emerson recebeu aquele passe de calcanhar do Danilo, ajeitou e fuzilou o goleiro. Eu que tinha visto a lua, ouvi o Zé Silvério narrando o gol. E depois o outro gol do mesmo Emerson. E lhes garanto uma coisa: se o Emerson não fizesse aqueles dois gols, de novo o Zé Silvério faria. Ou até você faria, caro leitor.
E foi assim que a maior torcida do Brasil, aquela composta pelas pessoas que não torcem pelo Corinthians, ao contrário, torcem contra, ficou passada, encabulada, sem saber o que fazer com seus rojões que não puderam estourar e sua vaia contida. Afinal o time do povo, o time dos manos, o time dos maloqueiros sofredores, tinha calado a boca de todos. Eu estou ligeiramente desconfiado mas absolutamente certo de que essa tal torcida dos contras vai ficar cada vez menor. Isso porque ela já viu que é muito mais gostoso sofrer com o Corinthians do que sofrer contra o Corinthians...
Sofrido ou não o Timão segurou as pontas, agüentou a barra e fez o que todo mundo achava que era impossível, bater o imbatível Boca Juniors. O Brasil inteiro só foi dormir às duas da manhã da quinta-feira porque a TV Globo teve que ficar falando do Corinthians durante quatro horas seguidas para conseguir sua melhor audiência.
Agora, o time que todos chamavam de “sem-ter-nada”, tem tudo. Só deu nóis na fita, mano.

(*) – Edgard de Oliveira Barros é jornalista, publicitário, escritor, professor de Jornalismo Impresso nas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FMU – São Paulo)

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Valeu Raul. Obrigado Edgard.

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