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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

domingo, 3 de julho de 2011

Carta a Chico Buarque, do seu vizinho


Salve, grande Sérgio!

A apresentação que você me mandou suscitou, em minha alma, duras recordações. E, ai, pensei então: por que, também, não me desabafar, já que sei que, como eu e quem fez a apresentação, muitos querem se expressar!

Então, fiz o texto abaixo para meus amigos e irmãos, como incentivo para divulgar esta incontestável apresentação.

Se puder, envie meu texto para quem te ofereceu a apresentação, quem sabe um dia ela chega para aqueles que, tão bem, souberam expressar nela o que também nos sentimos.

Aproveito para lhe desejar uma bela e delicada estação de Inverno que, por sua natureza, nos leva ao recolhimento e, também, a reflexão!

Quero, com carinho, te lembrar que uma boa sopinha, meias de lãs nos pés e um chazinho quente, antes de dormir, fazem muito bem para corpos e corações que já batem, como os nossos, há mais de meio século.

Cuide-se, querido amigo e bom irmão. Pois, o inverno costuma incomodar os ossos antigos e fazer mal às articulações. Tenha em mente, pois, que é nesta singular estação que os obituários mostram partidas dos mais vividos, como nós.... Cuidemos, pois, então! Ainda temos muito que por aqui fazer, queiram ou outros ou não!

Carinhoso e saudoso abraço do seu amigo;

José Paulo

.’.

A apresentação que você vai ver, em seguida, poderia ser, perfeitamente, feita por você, por mim ou por nós. Já que é um desabafo, uma reclamação.

Por nós que já passamos dos cinqüenta; que sonhamos, um dia, com a liberdade de expressão; que acreditamos em ideais revelados em poesias de Chico, Caetano e Gil.

Que cantamos com Taiguara, idealizamos heróis e gritamos, a toda voz, com Vandré e muitos outros, nos inesquecíveis festivais.

Por nós que, também, de uma forma ou outra, de cabelos cumpridos ou não, clamamos por Paz e Amor nos idos de sessenta e que contestamos, nos setenta, todos os atos de violência e gritamos, nos oitenta, contra a imposição, exigindo democracia nas praças dos ideais, em todos os níveis de nossa pobre nação.

Por nós, que presenciamos um tempo que se disfarçou nos palanques dos trabalhadores e nos deu, ainda que por alguns momentos, esperança e nos fez acreditar, de forma inocente e pueril, que o povo desta sofrida nação seria considerado e nunca mais comprado.

Por nós que acreditamos, como crianças, nas vozes das contestações. Mas que, também, vimos, com aperto em nossos corações e desalentos em nossas almas, que o verdadeiro tempo da liberdade ainda não chegou.

Por nos, que hoje sabemos que os maus tempos são sempre presentes, porque se alimentam das almas dos fracos que sempre acabam por fazer alianças espúrias e, nos sonhos de suas vaidades e orgulhos, rapidamente esquecem seus irmãos de sofrimentos e lutas.

Ontem vimos Gil - aquele que um dia, também, embalou nossos sonhos de esperança - ao lado de corruptos, nos palanques suportados por mensalões, cuecas e malas pretas, falando de uma cultura que nunca existiu.

Hoje, estamos vendo Chico que, para não deixar as praias, o copo de cachaça e as suas ambições, colocou sua irmã ao lado daqueles que se revestem das peles dos cordeiros e, como cegos e surdos, ousadamente perguntam onde está a corrupção.

O que diz a apresentação, embalada por uma música que lhe trará recordações, certamente, é o que você também gostaria de falar aquele que um dia possuiu uma cabeça que falou por nós e um coração que clamou pelos nossos ideais.

Assim é o homem... fraco, que se entrega aos prazeres da vida, e é derrotado pelos vícios propostos pela sutil corrupção.

Ontem foi herói. Hoje, pobre de espírito, vivendo sua própria ilusão. Mas, amanhã, certamente, sua solidão!

José Paulo – chegada do inverno, vivendo recordações (22 de junho de 11)

O que motivou o prezado amigo José Paulo Ferrari a construir esta crônica foi o arquivo PPS que recebemos do Andrade e o repassamos aos demais amigos, dentre eles, este autor. Vejamos então a Carta a Chico Buarque, do seu vizinho:

CARTA ABERTA AO CHICO BUARQUE DO SEU VIZINHO.

Chico,
Confesso que fiquei chocado ao vê-lo desfilar na passarela da Dilma, cantarolando como se estivesse a defender uma causa justa, honesta e patriótica. Logo você, Chico, que ganhou tanto dinheiro encantando a juventude da década de 1970 com parolas em prosa e verso sobre liberdade e moralidade.
Percebo que aquilo que você chamava de ditadura foi, na verdade, o grande negócio da sua vida. Afinal, você estava à toa na vida. Você deveria agradecer aos militares por tudo o que te fizeram, porque poucos, muito poucos, ganharam tanto dinheiro vendendo ilusões em forma de música e poesia como você.
Estou agora fazendo essa regressão, após vê-lo claudicante como A Mulher de Aníbal no palanque do Lula e da Dilma. Claro que deu para perceber o seu constrangimento, a sua voz trêmula e pusilânime, certamente sendo acusado pela sua consciência de que estava naquele momento avalizando, endossando todas as condutas deste governo trêfego e corrupto.
Nunca, jamais imaginei, Chico, que você pudesse se prestar a isso algum dia. Mas é possível antever que apesar de todos vocês, amanhã há de ser outro dia. Quando chegar o momento, esse nosso sofrimento, vamos cobrar com juros. Juro !
Você, como avalista, vai acabar tendo que pagar dobrado cada lágrima rolada. Você vai se amargar, Chico, e esse dia há de vir antes do que você pensa. Não sei como você vai se explicar vendo o céu clarear, de repente, impunemente. Não sei como você vai abafar o nosso coro a cantar, na sua frente.
Apesar de vocês, Chico, amanhã há de ser outro dia. Estamos sofrendo por ter que beber essa bebida amarga, dura de tragar. Temos pedido ao Pai que afaste de nós esse cálice, mas quando vemos você, logo você, brindando e festejando com todos eles, só nos resta ficar cantando coisas de amor e olhando essa banda passar.
E pedir que passe logo, porque apesar de vocês amanhã há de ser outro dia. Estamos todos cada qual no seu canto, e em cada canto há uma dor, por conta daquela cachaça de graça que a gente tem que engolir (lembra ?), ou a fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir. Só espero, Chico, que as músicas que você venha a compor em parceria com os seus amigos prosélitos de palanque não falem mais de amor, liberdade, moralidade e ética - essas coisas que você embutia disfarçadamente nas suas letras agora mortas de tristeza e dor.
Não fale mais disso - não ficará bem no seu figurino agora desnudo. Componha, iluda, dance e se alegre com todos eles, ganhe lá o seu dinheiro, entre na roda e coloque tudo na sua cueca - ou onde preferir - mas não iluda mais os nossos jovens com suas músicas, simbolizadas hoje apenas na sua gloriosa A Volta do Malandro.
Abrace o Genoino, Sarney, Palocci, Jose Dirceu, desculpe acho que você vai pedir para o Sarney sair.
Assinado (seu vizinho do lado)
Desconheço a autoria mas assino embaixo.
Fonte:

Um comentário:

  1. Esta carta diz tudo,tudo mesmo para quem só olha para o umbigo, o Nosso Brasil não precisa de gente covarde.Precisamos de gente consciente,inteligente e honesto.

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