
A  apresentação que você me mandou suscitou, em minha alma, duras recordações. E,  ai, pensei então: por que, também, não me desabafar, já que sei que, como eu e  quem fez a apresentação, muitos querem se expressar!
Então,  fiz o texto abaixo para meus amigos e irmãos, como incentivo para divulgar esta  incontestável apresentação.
Se  puder, envie meu texto para quem te ofereceu a apresentação, quem sabe um dia  ela chega para aqueles que, tão bem, souberam expressar nela o que também nos  sentimos.
Aproveito  para lhe desejar uma bela e delicada estação de Inverno que, por sua natureza,  nos leva ao recolhimento e, também, a reflexão!
Quero,  com carinho, te lembrar que uma boa sopinha, meias de lãs nos pés e um chazinho  quente, antes de dormir, fazem muito bem para corpos e corações que já batem,  como os nossos, há mais de meio século.
Cuide-se,  querido amigo e bom irmão. Pois, o inverno costuma incomodar os ossos antigos e  fazer mal às articulações. Tenha em mente, pois, que é nesta singular estação  que os obituários mostram partidas dos mais vividos, como nós.... Cuidemos,  pois, então! Ainda temos muito que por aqui fazer, queiram ou outros ou  não!
Carinhoso  e saudoso abraço do seu amigo;
José  Paulo
.’.
 A apresentação que você vai ver, em seguida, poderia ser, perfeitamente, feita por você, por mim ou por nós. Já que é um desabafo, uma reclamação.
Por  nós que já passamos dos cinqüenta; que sonhamos, um dia, com a liberdade de  expressão; que acreditamos em ideais revelados em poesias de Chico, Caetano e  Gil. 
Que  cantamos com Taiguara, idealizamos heróis e gritamos, a toda voz, com Vandré e  muitos outros, nos inesquecíveis festivais. 
Por  nós que, também, de uma forma ou outra, de cabelos cumpridos ou não, clamamos  por Paz e Amor nos idos de sessenta e que contestamos, nos setenta, todos os  atos de violência e gritamos, nos oitenta, contra a imposição, exigindo  democracia nas praças dos ideais, em todos os níveis de nossa pobre nação.  
Por  nós, que presenciamos um tempo que se disfarçou nos palanques dos trabalhadores  e nos deu, ainda que por alguns momentos, esperança e nos fez acreditar, de  forma inocente e pueril, que o povo desta sofrida nação seria considerado e  nunca mais comprado.
Por  nós que acreditamos, como crianças, nas vozes das contestações. Mas que, também,  vimos, com aperto em nossos corações e desalentos em nossas almas, que o  verdadeiro tempo da liberdade ainda não chegou. 
Por  nos, que hoje sabemos que os maus tempos são sempre presentes, porque se  alimentam das almas dos fracos que sempre acabam por fazer alianças espúrias e,  nos sonhos de suas vaidades e orgulhos, rapidamente esquecem seus irmãos de  sofrimentos e lutas.
Ontem  vimos Gil - aquele que um dia, também, embalou nossos sonhos de esperança - ao  lado de corruptos, nos palanques suportados por mensalões, cuecas e malas  pretas, falando de uma cultura que nunca existiu. 
Hoje,  estamos vendo Chico que, para não deixar as praias, o copo de cachaça e as suas  ambições, colocou sua irmã ao lado daqueles que se revestem das peles dos  cordeiros e, como cegos e surdos, ousadamente perguntam onde está a  corrupção.
O  que diz a apresentação, embalada por uma música que lhe trará recordações,  certamente, é o que você também gostaria de falar aquele que um dia possuiu uma  cabeça que falou por nós e um coração que clamou pelos nossos  ideais.
Assim  é o homem... fraco, que se entrega aos prazeres da vida, e é derrotado pelos  vícios propostos pela sutil corrupção.
Ontem foi herói. Hoje, pobre de espírito, vivendo sua própria ilusão. Mas, amanhã, certamente, sua solidão!
José Paulo – chegada do inverno, vivendo recordações (22 de junho de 11)


Esta carta diz tudo,tudo mesmo para quem só olha para o umbigo, o Nosso Brasil não precisa de gente covarde.Precisamos de gente consciente,inteligente e honesto.
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