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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

VOTAR


Esta é uma crônica de Rachel de Queiroz que foi publicada na revista “O Cruzeiro” em 11 de janeiro de 1947, mas é extremamente atual. É um tanto longa, mas não deixe de ler!

José Raul Machado Ribas


Sim meu caro Raul, atualíssima. Obrigado, um abraço e até daqui a pouco, no nosso almocinho verde, para atualizarmos as fofocas pindamonhangabenses, onde  "zoreias" arderão. rs

Um comentário:

  1. Certos assuntos são tão antigos como o cidadão que pisou na
    lama do dilúvio (não confundir com a lama do delúbio, coisa
    mais recente!).
    O preclaro cidadão J.R.Machado, repositório da sabedoria,
    enviou um texto ao Ouvidor Geral para Assuntos Aleatórios.
    Ele foi escrito pela brilhante Rachel de Queiroz e publicado em
    11 de janeiro de 1947, na extinta revista O CRUZEIRO.
    Apesar de ser um artigo da época diluviana nem por isso deixa
    de ser atualíssimo e aplicar-se integralmente a era delubiana.
    Ao lê-lo contemplamos toda a miséria que se perpetua ao longo
    do tempo. As mesmas misérias, as mesmas mazelas, os mesmos
    atos enlouquecidos. Muda apenas a cara de alguns atores no
    teatrinho mambembe. Outros atores parecem ter tomado elixir
    da longa vida ou ingerido alguma poção demoníaca preparada
    pela Magda Patalógica, para ter tão longa existência.
    A seguir uma amostra grátis do texto da brilhante Rachel de
    Queiroz:

    "Votar
    HÁ treze anos atrás preparava-se o Brasil para uma
    eleição importante. E em “O Cruzeiro” de 11 de janeiro
    de 1947, esta nossa Última Página assim falava aos
    amigos leitores:
    Não sei se vocês têm meditado como devem no
    funcionamento do complexo maquinismo político que se
    chama govêrno democrático, ou govêrno do povo. Em
    política a gente se desabitua de tomar as palavras no
    seu sentido imediato..."

    Para aguçar a nossa memória no tempo, copiando o bordão
    "Élvis não morreu!", veja o papo cabeça entre Colbert e
    Mazzarino, travado no período entre 1643 e 1715, quando
    reinava Luis XIV.
    Nossos extorquidores com toda certeza se inspiraram nessa
    dupla, e continuam se inspirando nesse papo maquiavélico,
    cuja finalidade é praticar mergulho profundo no bolso do povão.
    Esse povão ou zé povinho somos nós, eternamente convocados
    a pagar a conta do banquete dos poderosos, sem direito nem
    aos sobejos nem as migalhas.

    Se enxergamos demais, corremos o risco de termos nossos
    olhos extirpados para não incomodarem os comensais do
    erótico banquete da esbórnia.
    Após essa ablação fica valendo a frase lapidar: "No orbe dos
    alópticos impera o miope".
    Pensando bem, essa frase até fica bem para ser inscrita em
    alguma campa ou para emoldurar placa comemorativa em
    alguma herma esquecida nas ágoras da vida. Acho que
    também ficaria pomposa no frontispício da morgue, onde
    só os acompanhantes poderiam ler.

    Caso esteja em dificuldade para fazer boas escolhas, consulte
    o arquivo Candidatos especiais. Tem sugestões para todos os
    gostos.

    Dr. Jacomino Pires, phD pela Universidade de Sara Manca

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