O que está acontecendo com a “terra da garoa”, com São Paulo da imponente Avenida Paulista, da esquina da Ipiranga com a Avenida São João? Da Estação da Luz, do Largo do Arouche, do Parque do Ibirapuera, dos inúmeros teatros, dos botecos sen sacionais, do Mercado Municipal com suas frutas exóticas e pastéis pra chinês algum botar defeito, da charmosa Vila Madalena, do Bairro da Liberdade, das minas de Sampa, da sofisticada Oscar Freire? São Paulo de Adoniram Barbosa, dos Demônios da Garoa e seu trem das onze?! Que estão fazendo com “São, São Paulo meu amor”?!
Morei em São Paulo em 1970; menina normalista queria caminhar mais um pouco; o objetivo era o curso “bola da vez”, Psicologia, em Assis, na época USP. Rumamos, minha amiga Maria Inês e eu para a capital cursar “Equipe Vestibulares”. Alameda Barros, depois Rua Martim Francisco no Bairro Santa Cecília, pensão da Dona Nina. Perigo? Nenhum...Caminhar nas ruas de São Paulo, ir ao cinema, visitar minha amiga Marli Lacerda na Livraria Nobel, então na Rua Maria Antonia na Consolação, à pé, qualquer horário ...sem medo.
Ano de copa, Brasil tricampeão, copa de Pelé, Tostão, Gerson, Jairzinho......Comemoração nas ruas; camisas da seleção se misturavam com outras do Corinthians, São Paulo, Palmeiras...numa confraternização só. Naquele tempo não imaginávamos que chegaríamos a este estado de descontrole, com polícia temendo por suas famílias diante de bandidos mais armados, policiais e cidadãos com suas vidas servindo de moeda de troca entre marginais e traficantes, professores agredidos por alunos, cidadãos com suas vidas cerceadas, numa guerra declarada. É verdade que havia o outro lado da moeda; não podíamos sair “caminhando e cantando e seguindo a canção onde somos todos iguais braços dados ou não”, nem dizer que; que “apesar de você, amanhã há de ser outro dia....ainda pago pra ver o jardim florescer...”, Chico Buarque censurado se transformou em Julinho da Adelaide, e seu Cálice (ou cale-se) se calou. Música, arte, cultura e imprensa vigiados e censurados pelo AI5 num duro golpe na democracia, vidas ceifadas em nome de uma ordem e moralidade falsas.
Haverá sempre dois pesos e duas medidas? Sempre dois lados da moeda? Algum dia seremos capazes de viver em harmonia, sem tamanha diversidade social? Em paz e com liberdade? Com progresso e sensibilidade? No momento a praga da violência incontrolável se alastra para cidades e Estados de nosso “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Que Pena!! Temo pela herança aos nossos netos.
Rosa Marin Emed
Obrigado Rosinha. Um abraço
PS:
Suprimi comentários diversos, os quais, creio, não estavam no fórum adequado, destacando apenas observação do José Raul Machado Ribas:
Quando li da Rosinha o belo canto a “São Paulo de antanho" saltou-me aos olhos - como já afirmei - algo nada costumeiro nos dias que correm, isto é, textos impregnados de pureza, de sentimento e poesia... Viva nossa Rosinha, amante da Pauliceia e da não menos bela língua portuguesa!
"Minha pátria é a língua portuguesa!" - (Fernando Pessoa)
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