Saudade de Herculândia XXVI

Meu querido José Sylvio, encontrei nos arquivos estas fotos da época. Nesta primeira, em primeiro plano, seu tio Chico Prefeito dançando com D. Estrela. À esquerda, o saudoso Devanir Mouro Galina, de quem falamos ali atrás, dançando com a Elza e à direita, o Serjão
dançando com a Lúcia, no Herculândia Clube. Qual seria a orquestra? Jason? Nelson? Cassino de Sevilha?

Sérgio,

Ao ler no blog sobre a homenagem que você fez à sua primeira professora, imediatamente lembrei-me da minha, na mesma escola que você estudou e que foi colega de corpo docente de Dona Alzira.
Seu nome era Ricardina Soares Albergaria.
Em meu livro, na passagem sobre minha infância que foi, em grande parte passada em Herculândia, faço uma citação a ela. Devo confessar que essa citação será transformada em um texto em homenagem a ela, que mais do que a merece.
Dona Ricardina era originária de Campinas, mas fez carreira como professora no Grupo Escolar de Herculândia.Nesta outra foto, em comemoração ao 7 de setembro de 1955, a Sueli ali está, desfilando como baliza. Percebam o respeito daqueles senhores que assistiam ao desfile, com seus chapéus nas mãos.

A maioria dos meus amigos de infância foram alfabetizados por ela e, jamais ouvi qualquer comentário negativo a seu respeito. Era uma grande educadora. Severa nos momentos necessários e na aplicação de corretivos, calma na hora exigida pela didática, conciliadora nos momentos de discórdia entre companheiros de classe e uma "mãezona" nos momentos de aconselhamento.
Na verdade, exercia o papel de psicóloga na prática, sem sê-lo na teoria.
Freqüentei suas aulas durante meus dois primeiros anos de escola. Aliás, adorava suas aulas, mas as traquinagens que me eram peculiares às vezes suplantavam meu nível de atenção.
Contudo, suas avaliações eram justas e, com relação ao aprendizado, sempre tirava notas altas e, com relação ao meu comportamento, era bastante severa. Severa e justa.Aqui novamente a Sueli, no 2º ano
Às vezes reclamava com minha mãe, a também professora Dona Maria José daquela escola, para as turmas de quarta série.
Ela dizia:
- O Zé é um menino quase que impossível, mas é um grande menino.
- Temos que modelá-lo e, se me permitir, vou continuar com castigos rigorosos e firmes.
Colocou-me junto ao primo Ayrton na primeira fila de carteiras, para poder ter sempre um olho em nossos movimentos.
Quando me mudei para São Paulo e fui estudar no internato Liceu Coração de Jesus, fiquei com muitas saudades dela, a quem visitava sempre que voltava à cidade para os meus períodos de férias escolares.Já esta aqui, no Laticínios Hércules, dos seus familiares, não tenho certeza, mas creio, foi na inauguração.
Lembro-me de uma das últimas vezes que a vi, caminhando de volta para a casa onde morava, da família de Dona Mariquinha, que era uma das serventes a escola.
Dona Ricardina contribuiu, com seus ensinamentos, conselhos e postura, para a formação de minha personalidade, sem qualquer sombra de dúvida.
Hoje a mestra se encontra no jardim de cima, talvez alfabetizando e corrigindo algum anjo traquinas...
Onde você estiver professora, meu pensamento hoje estará em você.
Um grande beijo do seu,
Zé Sylvio
Finalmente, o esquadrão do Herculândia Futebol Clube, no Estádio Municipal Stélio Machado Loureiro. Consegui identificar o Sebastião Uehara, o Parente, Zé Sussi, Nelson Martins, Tunicão, Zilbo, Devites e Adhemar Tamaoki.

Bela homenagem você prestou à Professora Ricardina, que está na lembrança de todos filhos da amada terrinha, justamente por tudo o que você dela descreveu e olhe que lá se vão quase 60 aninhos.
Quanta falta nos faz hoje uma Professora Ricardina.
Obrigado querido José Sylvio e te aguardamos por aqui no próximo sábado.
Abraços do Sérgio.