E tinha um, pobrezinho, que nem documento tinha. E tinha um policial, muito bravo, muito famoso na época, que encarou o individuo e lhe perguntou: “Tú não tem nenhum papel no bolso que prove que tu existe?”. Ele mostrou um retrato de um time chamado Corinthians.
E o policial marrudo, mas apreciado: gritou, bem alto e bem forte pra todo mundo deixar passar: “Vai que tú é dos nossos, e dos nossos num precisa documento”. Quem sabe sabe que isso está na história. E nóis é assim, mano; nóis é solidário até na encrenca... Também não esqueço outro dia que eu e o Corinthians estávamos diante da minha segunda paixão, a grande Lusa do Canindé.
E o Raul Rodrigues, que na época era presidente da gloriosa Associação Portuguesa de Desportos, cheio de ciúmes me dizia: “Hoje tu te decides: ou és alvi-negro ou rubro-verde”. Naquela noite o Timão jogava contra a também minha Lusa no Canindé. O presidente Raul Rodrigues fez porque fez com que eu desse o pontapé inicial do jogo. Que tinha Sócrates, Vaguinho, Palhinha e todos mais, contra a minha Lusinha que já teve Djalma Santos, Brandãozinho, Enéas e Ivair.
Dei o pontapé pedido, o jogo começou e terminou dois a zero pro Timão. É nóis mano, que sempre adoramos a Lusa. A gente não perde, a gente sublima. A gente não chora, é cisco que cai no olho. A alma é mais forte, entende e acredita: amanhã é o nosso dia. Porque a gente sempre tem o amanhã. Correndo, batendo, apanhando, lutando, sofrendo e chorando a gente chegou onde está e já faz cem anos.
No meio de tanto riso e pouco siso, de tanta dor e melancolia, porque melancolia é sim um misto de tudo isso, mas, no fundo, é só alegria. Quer queiram, quer não, somos campeões de tudo, até do mundo que sem suspeita nos respeita. Ontem, anteontem, um dia destes, como todo dia, foi o dia do campeão dos centenários chegar no seu centenário. Teve festa no mundo.
O povo encheu o Anhangabaú. O povo encheu as ruas das cidades de todos os estados do país. Já se calculou e já se disse em alto e bom som que, estatisticamente somos mais de 15% de corinthianos entre todos os brasileiros. Para não falar mundialmente. Trinta milhões ou mais vibrando e cantando a mesma canção:
Corinthians, aqui tem um bando de loucos. Temos o tamanho de uma Argentina, por supuesto... E como dizem os porteños, si Diós no es corinthiano, com certeza ruega por nosostros.
É nóis, mano. Só nóis, mano, sempre nóis, mano.
Zezito,
Muitíssimo obrigado pelo envio de mais esta colaboração ao bloguito.
Um grande abraço.
Sérgio.
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