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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PASSADORES DE COLA...


(geraldomiguel - 06/10/10)

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Durante minha vida

passaram-me diversas colas...

Algumas delas me beneficiaram;

de outras, aguardo valor e validade...

.

Cola de olhar em reticências,

de infância quebrada e fraquezas adultas –

fugitivas de solidão e medo...

Cola de choro em atraso,

de sentimentos de culpa,

por conta de pecados desvendados e

rapidamente desvanecidos...

.

Cola de desejos insanos,

desculpados por preguiça e cansaço...

Cola de amor silenciado,

sem rumo e em dissolução...

Cola de corpo sem colo,

sem ritmo e nem rituais,

quando o destino mudou o carmesim do olhar

e o jeito do sorrir e das rimas...

.

Cola de dores – tantas! –

que buscavam pouso permanente.

Cola de alegrias – que a vida

é de horrores,

mas também de múltiplas e secretas cores...

.

Cola de perdão – essa palavra já tão exausta! –

quando o coração exangue,

sem remoção e nem adoção,

herdou perdas instiladas

em cada membro do corpo...

.

Cola de ódio – fonte consumada –

em cada ruído do inimigo,

estampado nas paredes, caminhos,

noites e rostos,.

todos postos...

.

Cola de tristeza, véu granulado da face,

que não se esconde e não desfaz

a aceitação passiva da inaptidão humana...

Então, para que tanta cola, se tantas tão desnecessárias,

sem moldura, muitas rotas, sem notas e que caem como gotas no esquecimento?

.

Prezado Gêmiguel, mais uma vez muito obrigado por abrilhantar nosso bloguito com suas maravilhas intelectuais.
Grande abraço.
Sérgio.

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