(geraldomiguel - 06/10/10)
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Durante minha vida
passaram-me diversas colas...
Algumas delas me beneficiaram;
de outras, aguardo valor e validade...
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Cola de olhar em reticências,
de infância quebrada e fraquezas adultas –
fugitivas de solidão e medo...
Cola de choro em atraso,
de sentimentos de culpa,
por conta de pecados desvendados e
rapidamente desvanecidos...
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Cola de desejos insanos,
desculpados por preguiça e cansaço...
Cola de amor silenciado,
sem rumo e em dissolução...
Cola de corpo sem colo,
sem ritmo e nem rituais,
quando o destino mudou o carmesim do olhar
e o jeito do sorrir e das rimas...
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Cola de dores – tantas! –
que buscavam pouso permanente.
Cola de alegrias – que a vida
é de horrores,
mas também de múltiplas e secretas cores...
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Cola de perdão – essa palavra já tão exausta! –
quando o coração exangue,
sem remoção e nem adoção,
herdou perdas instiladas
em cada membro do corpo...
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Cola de ódio – fonte consumada –
em cada ruído do inimigo,
estampado nas paredes, caminhos,
noites e rostos,.
todos postos...
.
Cola de tristeza, véu granulado da face,
que não se esconde e não desfaz
a aceitação passiva da inaptidão humana...
Então, para que tanta cola, se tantas tão desnecessárias,
sem moldura, muitas rotas, sem notas e que caem como gotas no esquecimento?
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