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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Caminhar ao por-do-sol, na terra onde ele é o senhor.

Estou distante, longe no espaço, mas presente no tempo, todos os instantes, com aqueles que povoam as diferentes esferas do meu coração, pois permanecem vivos, intensos, em meus pensamentos, através da força da minha própria imaginação.
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Assim caminho, mas, não me sinto sozinho. Pois, junto comigo uma multidão.
Aqui estou, na Terra do Sol Nascente, neste extraordinário e antigo Japão, realizando um sonho velho como eu, que sempre foi meu.
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Caminho, todas as tardes, quando o sol me permite, contemplando uma cultura que se perde no tempo, mas que vejo sempre presente nas ações de sua gente. Ah..., como são de nós diferentes.
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Ela é intensa, mesmo no pequeno menino até o mais antigo dos anciões, que, alias, são tantos, percorrendo as estreitas ruas, indo e vindo em todas direções, silenciosos, mas sempre em contemplação. São suaves, quase imperceptíveis aos olhos dos ocidentais.
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Os meninos e as meninas, desde poucas idades, uniformizados, me parecem obrigados sozinhos ir estudar.
Já aprendi distinguir, pelos detalhes dos uniformes, os vários estágios de suas graduações. As meninas, então, basta olhar suas meias e o cumprimento de suas saias para saber em que níveis estão.
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Os pequeninos, além das mochilas nas costas, trazem sempre todos na cabeça um capacete branco protetor e em conjunto, também, estão sempre a caminhar.

Olho e vejo, além da suave natureza, pelo menos na presente estação, os deuses que já não mais vivem entre nós... São estatuas sutis ou enormes e imponentes, mas, principalmente, nos festejos tradicionais, que para o olhar desatento, de qualquer brasileiro, pode ser interpretado como carnaval.

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Ah, que sorte a minha, chegar assim de repente e poder participar dos festejos de reconhecimento e gratidão, pelas boas colheitas nos arrozais.
Mesmo em meio da alta tecnologia que permeia todo o país, que agora é moderno, vejo a tradição dos antigos deuses sempre presente, que insistem, quase que silenciosamente, ainda existirem. Pois, todos os dias, percebo que eles ainda vivem nas fortes emoções que se abrigam, principalmente, nos corações dos mais antigos que aqui caminham, com olhar sereno e paz no coração.

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Estou entre eles. Eu os vejo. Eles, porém, parecem insistir em não me notar.
Estar aqui muito me orgulha e me causa uma boa e extasiante sensação, que chaga ao nível do encanto que estimula a minha imaginação.

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Aqui, próximo dos pés do gigante Fuji, tudo é tranqüilo e sereno, pois me encontro em uma região, como não poderia deixar de ser a beira mar, para ser mais exato, em Kosai, província de Shizuoka-ken. Isto é interior do Japão! O tempo é ameno. Acabamos de entrar no outono... Porém, as águas do Pacífico são geladas e não nos permite se banhar, portanto, além de passear, só me resta, todas as tardes, caminhar!

José Paulo Ferrari – 22 de outubro de 2010, Kosai-shi – Japão.

Muito obrigado meu caro José Paulo. Esta tua narração nos remete exatamente ao oposto do que vivemos aqui, nfelizmente, e contrariando o filósofo "tiririca", poderá piorar, sim.

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