Estamos vivendo atualmente sob um clima de violência urbana e de impunidade onde toda a sociedade vê, constantemente, entrelaçar-se o medo, a desesperança e a falta de confiança em um futuro promissor. Tal clima ora se dá pela ousadia dos marginais, que não encontram limites para a sua agressividade, ora pelas atitudes nefastas daqueles que deveriam contribuir com a Nação e dar exemplos de civismo, já que para isso foram escolhidos pelo povo.
As constantes ocorrências que evidenciam a violência urbana e a ausência de atitudes que punam efetivamente os políticos corruptos geram no imaginário humano um estado de temor tão intenso que, freqüentemente, muitos de nós podemos, em um momento ou outro, enfrentar dificuldades para distinguir o que é verdadeiro, o que é nossa imaginação e, até mesmo, o que é paranóia, já que, de certa forma, a divulgação dos fatos é feita, muitas vezes, com conotação sensacionalista que pode, também, nos levar a ver inimigos por todo lado.
Assim, devemos procurar compreender que o mêdo exacerbado, sem limites e infundado, que nasce nesse clima de tensão social pode desencadear distúrbios mentais que vão desde quadros de depressão, neurose e paranóia a síndrome do pânico e, conseqüentemente, causar também transtornos físicos como uma simples tensão muscular ou até mesmo hipertensão, úlcera, taquicardia e aumento de quadros infecciosos, uma vez que, em decorrência do rebaixado estado emocional, o sistema de defesa do organismo também fica prejudicado.
No geral, mesmo que as pessoas apresentem alterações significativas em sua vida diária, que interfiram em seus comportamentos e comecem a atrapalhar a sua vida amorosa, familiar ou profissional, para o psiquiatra Olavo Pinto, do International Mood Center, da Universidade da Califórnia (EUA), elas têm vergonha de procurar ajuda, pois temem também serem consideradas fracas em relação às outras. Portanto, o importante, diante desse quadro caótico em que vive nossa sociedade, atualmente, é estar atento para saber identificar a ocorrência de comportamentos que atrapalhem a nossa rotina e ter a compreensão de que todos nós, independentes de grau cultural ou social, podemos ser afetados emocionalmente e, por essa razão, devemos procurar a ajuda de um profissional especializado, para evitarmos a instalação de um quadro patológico crônico que, certamente, será muito mais difícil de ser tratado no futuro.
Toda pessoa que possua um mínimo de bom senso e valores humanitários não poderá deixar de ser afetada, de uma forma ou outra, pelas situações criadas em nosso país, fruto da falta de princípios e parâmetros que conduzam a uma convivência social mais civilizada. Por isso, é natural que, em maior ou menor grau, esse estado de coisas afetem a todos nós, de alguma forma. E, assim, antes de se julgar uma pessoa fraca e inadaptada socialmente, é preciso perceber que, num momento tão difícil onde a desconfiança e a insegurança prevalecem, o normal é “não sentir-se normal”. Então, buscar ajuda, nessas condições, é ter respeito por si próprio e resguardar a saúde física e mental.
José Paulo Ferrari – Psicólogo – CRP 06/74090
Agradecemos ao querido José Paulo por mais esta importante contribuição ao nosso bloguinho.
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