Divagações

Frequentemente o discípulo ouve a frase “procure falar do bem e das coisas boas que as outras pessoas fazem”.

O interlocutor ressalta que essa atitude é uma manifestação de elevação espiritual. É fugir da crítica barata que acaba resvalando na inveja disfarçada. Essa inveja costuma ser um subproduto da incompetência.

Preocupado, ele foi até o iluminado Beato Salu, líder salvacionista, repositório de toda sabedoria e elevação espiritual hodierna, para tentar clarear as idéias.

Beato será que estou tomado por alguma deformação mental? Será que o tsunami de barbaridades vomitadas nos veículos de comunicação, está fornecendo lenha para esta fogueira de maus pensamentos? (Contraste chocante... Tsunami: ondas avasaladoras, molhando tudo que está na sua frente; fogueira: combustão total utilizando o oxigênio para queimar tudo que bem merece). Na maioria das vezes, vendo e analisando certas figuras, sinto muita dificuldade em encontrar alguma coisa que possa elogiar. Vasculho minuciosamente o seu proceder, e nada! Sem palavras. Só silêncio.

Beato, com toda sua sabedoria e lucidez, captou a inquietação do seu discípulo.

Está bem. Vamos fazer um teste. Podemos dizer que é o teste do silêncio.

Vou citar nomes. Para cada nome, fale tudo de bom que sabe a respeito.

Vejamos:

Madre Tereza de Calcutá.

O discípulo precisou ser interrompido no seu discurso.

Irmã Dulce.

Idem.

Frei Damião.

Idem.

Dr. Oswaldo Cruz.

Idem.

Dr. Adib Jatene.

Idem.

Beato Salu, sentindo que o discurso ia longe, resolveu escolher outros nomes.

Deputado fulano.

Silêncio tumular.

Deputado beltrano.

Mais silêncio.

Senador ciclano.

Silêncio idêntico ao das regiões abissais do Oceano Pacífico!

Presidente tal.

Silêncio total.

Secretário da Pasta X.

Silêncio de sepultura muito bem lacrada.

Ministro tal.

Silêncio de assustar tafofóbico, portador de surdez total.

Diante de tanto silêncio, olhou para o discípulo e disse: Entendeu porque para certas pessoas nem o silêncio cai bem? É o absoluto indescritível. É o vácuo total, beirando as raias do nada!

Entendeu?

Creio que sim...

 Dr. Fagundo S. d'Oliveira

09 janeiro 2013

Não sobrou nem o apedeuta? Obrigado Dr. Fagundo. Abração.