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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um exemplo que serviria também ao Brasil - Silvio Berlusconi desafiado por Giuseppe Verdi

Riccardo Muti

Leiam os comentários antes de abrir o link que nos brinda com um estupendo, quiçá histórico, momento de performance musical e revolta cultural, diante dos desgovernos, corrupções e falta de lideranças, não só no nosso país mas no mundo, como um todo.
Um momento intenso e emoção para os apaixonados pela liberdade.

No último dia 12 de março a Itália festejava os 150 anos de sua criação, ocasião em que a Ópera de Roma apresentou a ópera Nabuco de Verdi, símbolo da unificação do país, que invocava a escravidão dos Judeus na Babilônia, uma obra não só musical mas, também, política à época em que a Itália estava sujeita ao império dos Habsburgos (1840). Sylvio Berlusconi assistia, pessoalmente, à apresentação, que era dirigida pelo maestro Ricardo Muti. Antes da apresentação o prefeito de Roma, Gianni Alemanno – ex-ministro do governo Berlusconi, discursou, protestando contra os cortes nas verbas da cultura, o que contribuiu para politizar o evento. Como Mutti declararia ao TIME, houve, já de início, uma incomum ovação, clima que se transformou numa verdadeira «noite de revolução » quando sentiu uma atmosfera de tensão ao se iniciar os acordes do coral « Va pensiero » o famoso hino contra a dominação.

« Há situações que não se pode descrever, mas apenas sentir ; o silêncio absoluto do público, na expecativa do hino ; clima que se transforma em fervor aos primeiros acordes do mesmo. A reação visceral do público quando o côro entoa – ‘Ó minha pátria, tão bela e perdida’ - ».

Ao terminar o hino os aplausos da platéia interrompe a ópera e o público se manifesta com gritos de « bis », « viva Itália », « viva Verdi » .Não sendo usual dar bis durante uma ópera, e embora Muti já o tenha feito uma vez em 1986, no teatro Alla Scala de Milão, o maestro hesitou pois, como ele depois disse : « não cabia um simples bis ; havia de ter um propósito particular ». Dado que o público já havia revelado seu sentimento patriótico fez com que o maestro se voltasse no púlpito e encarasse o público, e com ele o próprio Berlusconi. Fazendo-se silêncio, pronunciou-se da seguinte forma, e reagindo a um grito de « longa vida à Itália » disse: RICCARDO MUTI:

« Sim, longa vida à Itália mas ... [aplausos]. Não tenho mais 30 anos e já vivi a minha vida, mas como um italiano que percorreu o mundo, tenho vergonha do que se passa no meu país. Portanto aquieço a vosso pedido de bis para o Va Pensiero. Isto não se deve apenas à alegria patriótica que senti em todos, mas porque nesta noite, enquanto eu dirigia o coro que cantava ‘ Ó meu pais, belo e perdido’, eu pensava que a continuarmos assim mataremos a cultura sobre a qual se assenta a história da Itália. Neste caso, nós, nossa pátria, será verdadeiramente ‘bela e perdida. [aplausos retumbantes, incluindo os artistas da peça]
Reina aqui um ‘clima italiano’ ; eu, Muti me calei por longos anos. Gostaria agora... nós deveriamos dar sentido à este canto ; como estamos em nossa casa, o teatro da capital, e com um côro que cantou magnificamente, e que é magnificamente acompanhado, se for de vosso agrado, proponho que todos se juntem a nós para cantarmos juntos. »

Foi assim que Muti convidou o público a cantar o Côro dos Escravos. Pessoas se levantaram. Toda a ópera de Roma se levantou... O coral também se levantou. Foi um momento magnífico na ópera ! Vê-se, também, o pranto dos artistas.Aquela noite não foi apenas uma apresentação do Nabuco mas, sobretudo, uma declaração da cultura e do povo da capital dirigida aos políticos da Itália e,penso eu, do mundo todo.

É muito emocionante!






Obrigado José Raul Machado Ribas.

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