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terça-feira, 3 de abril de 2012

Caçapava/SP - A trágica história do fundador do Museu, Roberto Eduardo Lee


(Reportagem publicada na revista Quatro Rodas em 01 Set 2004) e repercutida em 17 de fevereiro de 2009 no Blog;  http://criticandoataiada.blogspot.com.br/2009/02/tragica-historia-do-fundador-do-museu.html
As fotos abaixo não constavam da matéria e são do João Paulo Simonetti, do CAAT, de outubro de 2004.

A trágica história do fundador do Museu de Caçapava!!!


O que um dia foi a primeira grande coleção de carros antigos no Brasil tornou-se um sombrio cemitério de automóveis.Um dos 50 Tucker produzidos no mundo está escondido num canto escuro. Sem o motor, o painel original e o característico farol central dianteiro, que se movimentava na mesma direção do volante.


Em bom estado de conservação, um modelo desses pode valer meio milhão de dólares nos Estados Unidos.



Mais adiante, outra pérola, em estado precário: um Packard 1939, modelo "One-Twenty". Grossas camadas de poeira cobrem o carro que um dia carregou o príncipe Phillip na passagem do membro da família real inglesa por São Paulo em 1968. 


Noutro canto, há um Cadillac Coupé 1950 cuja direção foi roubada.

O mesmo aconteceu com rodas, emblemas de radiador e até bancos inteiros de outros modelos raros. Esse cenário faz parte de uma história digna dos textos do escritor Nelson Rodrigues. Envolve um crime passional que causou comoção em São Paulo nos anos 70 e uma briga entre membros de uma das famílias mais tradicionais da cidade. Condenada pelas circunstâncias, a frota de 26 preciosidades cumpre pena num galpão de 850 metros quadrados, na cidade de Caçapava, em São Paulo.


Lá funcionou entre 1963 e 1992 o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, espaço que em seus tempos áureos atraía gente de todo o Brasil para ver de perto carros antigos tão bem conservados que pareciam recém-saídos da fábrica. Hoje, o lugar não tem luz, seu teto está caindo aos pedaços e o mato cobre a entrada. Estão guardadas no galpão verdadeiras maravilhas. Numa avaliação conservadora realizada com ajuda do colecionador Sérgio Ribeiro, encontram-se por ali cerca de 250 000 dólares em veículos antigos, um patrimônio que agora pode ressuscitar. Um projeto de lei enviado à Câmara Municipal de Caçapava prevê que o acervo passe às mãos da prefeitura local, que se encarregaria de recuperar os carros e reabrir o espaço.



Até o fim de agosto a idéia ainda não havia sido apreciada pelos vereadores. Se aprovada, ela vai ajudar a recuperar parte da fabulosa obra de Roberto Lee, o fundador do museu. O péssimo estado dos carros não representa uma missão impossível para os especialistas. "Os carros estão em bom estado, considerando o tempo que ficaram abandonados", afirma Eduardo Lambiasi, da R&E Restaurações, oficina paulista das mais respeitadas no país nessa área. Roberto Lee começou a colecionar carros antigos com a aquisição de um Fiat 1926. Tempos depois, numa garagem do bairro de Pinheiros, em São Paulo, encontrou um Hispano-Suiza 1911. Restaurado, ele se tornou uma das principais atrações de sua coleção.






Assim que farejava boas oportunidades, largava os negócios e saía à caça. Chegava a passar temporadas rodando o Brasil em busca de modelos. "Ele se tornou o primeiro no país a cultivar a imagem dos automóveis antigos", afirma o piloto Bird Clemente. Herdeiro de uma das famílias quatrocentonas de São Paulo, Lee mantinha um escritório de fusões de empresas e circulava pelas altas rodas da sociedade. Vivia cuidando da coleção de carros em Caçapava e, muitas vezes, saía direto de lá para jantar no restaurante do hotel Hilton, um dos mais elegantes de São Paulo à época, vestindo calça jeans e botas sujas de terra. A morte do colecionador, ocorrida na tarde de 16 de junho de 1975, rendeu meses de manchetes em jornais e revistas. Lee estava em seu escritório quando levou dois tiros de um Colt 32, disparados por sua amante, Elza Leoneti do Amaral. Ela contou à polícia que havia matado Roberto porque ele não queria assumir Andréia Cristina, sua filha de 1 ano. Ela seria fruto do romance entre os dois, iniciado por causa de um Cadillac preto, modelo Fleetwood, de 1954.




Ele adicionou o carro ao acervo do Museu de Caçapava em abril de 1973 e encantou-se com a loira que lhe vendeu o automóvel. O Cadillac havia pertencido ao primeiro marido de Elza, o empresário Anésio Augusto do Amaral Filho, que também morreu em circunstâncias trágicas. Seu corpo foi encontrado num dos aposentos da residência do casal, com uma bala na cabeça, em outubro de 1966. Nas mãos de Anésio estava o mesmo Colt 32 usado por Elza para matar Roberto Lee. A coincidência foi explorada pelos jornais de época, que tratavam a mulher como "a loira assassina" nas manchetes.



Ela foi condenada a oito anos de prisão pelo assassinato de Roberto Lee. O caso chamou atenção também por envolver sobrenomes graúdos da sociedade. Do patrimônio do pai de Roberto, o industrial Fernando Eduardo Lee, ganhou fama uma ilha no litoral paulista, pioneira no país na utilização de energia eólica e solar. Além de nascer em berço de ouro, Roberto casou-se em 1960 com Maria Pia Matarazzo, filha caçula do italiano Francisco Matarazzo, que construiu em São Paulo um dos maiores impérios industriais do país no começo do século passado.






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