Garapa Filosófica 1

Garapa Filosófica – 1

Durante mais uma sessão matinal de “Garapa Filosófica”, enquanto o SENADOR com zelo policialesco vigiava atentamente a fermentação do extrato concentrado de sacarose, obtido de matéria prima mil por cento orgânica, cultivado em um latifúndio milimétrico, observo o OUVIDOR vociferando entre dentes um som de pouca inteligibilidade, como um estranho solilóquio.

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Ouvidor, qual o motivo da justa indignação?
- Dr. Fagundo, encontrei na rede das abominações, território livre da acidez digital, uma matéria onde um cidadão, após tecer loas ao deletério mau caratismo de elevado número de candidatos, chama-os de cachorros! Que é isso? Que ousadia desrespeitosa! Por que ofender os nobres irmãos caninos?

Ouvidor, concordo plenamente com sua indignação. Há bastante tempo deixei de chamar de cachorro os indivíduos desclassificados, portadores de desvios de personalidade, praticantes de atos prejudiciais ao próximo e à sociedade, useiros e vezeiros de conduta imoral, amoral, perniciosa e nefanda.

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Por que não ofendo mais os cães com essas comparações indignas?
Simples.
Observei que os cães não mentem, não fazem fofocas, não praticam os pecados da inveja, da ira, não roubam, não furtam – somente um furto famélico, quando estão em total estado de abandono, não cultivam a sovinice, não aplicam o 121, 171, 168, não usam e não traficam drogas, não disseminam entre crianças e adolescentes esse vício maligno, não fraudam licitações, não corrompem nem induzem ninguém para caminho indigno!

Os cães são sinceros, fiéis, têm o dom de perdoar e estão sempre dispostos a oferecer sua alegria ao dono. Creio que a incondicional fidelidade canina levou a extinta Guarda Civil de São Paulo, a adotar como símbolo do seu trabalho o “busto” de um cão da raça pastor alemão, exibindo no pescoço uma coleira com a inscrição “SEMPRE FIEL”.
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Os cães constantemente nos dão bons exemplos. Ajudam-nos com sua alegria, fidelidade, constante disposição para brincar e seu constante perdão. Estão sempre a nos ensinar lições que aquecem o coração e despertam na alma sentimentos que podem enobrecer o infeliz ser humano, na maior parte do tempo mergulhado nas crises de pobreza espiritual e material! Não ofendamos os cães comparando-os com determinados indivíduos ou classe. Os cães não merecem essa ofensa. Conforme diz o veterinário Marcel Benedetti, “Todos os cães merecem o céu”, que inclusive é o título de um de seus livros, onde fala da grandeza da alma canina. Encerrando minha consideração, com tristeza sou obrigado a reconhecer a veracidade da frase que circula em vários artigos: “Quanto mais conheço a humanidade, mais admiro e respeito os animais”.
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Para todos os animais que vivem reféns de psicopatas, tenho que citar a frase do articulista da revista VEJA, Roberto Pompeu de Toledo, “Na vida não existe nada mais perigoso e desconfortável do que ficar exposto à estupidez alheia”. É essa a triste realidade disseminada pelo “ser humano” (tem que estar entre aspas, porque de humano o ser não tem quase nada!!!). Atenciosamente,

Dr. Fagundo S. d’Oliveira, inconteste admirador dos animais.